happy kitten

happy kitten

Prólogo  As lembranças que tenho de meu pai são fragmentadas, como pedaços de um quebra-cabeça perdido no tempo. Não é que me falte amor por ele, mas a morte abrupta e inexplicada dele tornou o passado uma neblina confusa e carregada de tristeza. É como se ele estivesse sempre ao meu alcance, mas nunca realmente ao meu lado.  Minha mãe, Elaine, se tornou meu único alicerce depois que ele se foi. Uma mulher cuja força não deveria ser medida apenas pelo que enfrenta, mas pelo amor que me ofereceu enquanto encarava sua própria dor. Ela é como um farol em meio à escuridão, a única constante no caos que virou nossas vidas. Mas mesmo faróis têm rachaduras. Já a vi à noite, parada na janela, olhando o céu com olhos marejados, sussurrando algo que não consigo ouvir. Talvez uma prece, talvez um pedido por respostas.  Eu tinha apenas 10 anos quando o perdi. O modo como ele desapareceu – tão repentino, tão inexplicável – me assombra como uma sombra persistente. As investigações nunca trouxeram conclusões claras, e as histórias contraditórias apenas alimentaram minha necessidade de respostas. Foi acidente? Crime? Algo mais? Nem mesmo minha imaginação consegue traçar a verdade.  Minha mãe tentou ao máximo me proteger disso. Fez questão de que minha infância não fosse definida pela ausência dele, mas sim pelo amor dela. Mesmo assim, a ausência pesa, não só no silêncio das noites em que sinto falta de um pai que me guiasse, mas também nas incertezas que moldaram quem eu sou.  Acho que é por isso que gosto tanto de explorar lugares esquecidos, capturando o que foi deixado para trás com a câmera que meu pai me deu de presente no meu aniversário de 9 anos. É quase uma obsessão: encontrar respostas onde as pessoas veem ruínas. Para mim, cada edifício abandonado, cada floresta coberta de névoa, é uma oportunidade de desvendar segredos. Mesmo que não sejam os meus.  No entanto, apesar de toda a dor que carregamos, minha mãe e eu nunca deixamos de nos apoiar. Sua voz, doce e reconfortante, me traz de volta toda vez que a melancolia ameaça me engolir. “Você é meu mundo, Jayden”, ela me diz com olhos sinceros. Sei que essas palavras não são apenas para me consolar. São também a verdade dela.  E ainda assim, as dúvidas sobre meu pai estão sempre lá, sussurrando no fundo da minha mente. É como uma presença invisível que permeia cada aspecto da minha vida, uma ferida aberta que se recusa a cicatrizar. Talvez seja por isso que sinto essa necessidade incontrolável de buscar o que está escondido, mesmo que isso me leve a lugares que eu deveria evitar a qualquer custo.  Se eu soubesse o que estava por vir naquela floresta, talvez tivesse escutado os conselhos da minha mãe e ficado em casa. Mas o que eu posso dizer? Sempre fui atraído pelo desconhecido. Mesmo que, no fundo, eu só esteja tentando preencher um vazio que nunca será realmente preenchido.
—— the end ——
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Prólogo As lembranças que tenho de meu pai são fragmentadas, como pedaços de um quebra-cabeça perdido no tempo. Não é que me falte amor por ele, mas a morte abrupta e inexplicada dele tornou o passado uma neblina confusa e carregada de tristeza. É como se ele estivesse sempre ao meu alcance, mas nunca realmente ao meu lado. Minha mãe, Elaine, se tornou meu único alicerce depois que ele se foi. Uma mulher cuja força não deveria ser medida apenas pelo que enfrenta, mas pelo amor que me ofereceu enquanto encarava sua própria dor. Ela é como um farol em meio à escuridão, a única constante no caos que virou nossas vidas. Mas mesmo faróis têm rachaduras. Já a vi à noite, parada na janela, olhando o céu com olhos marejados, sussurrando algo que não consigo ouvir. Talvez uma prece, talvez um pedido por respostas. Eu tinha apenas 10 anos quando o perdi. O modo como ele desapareceu – tão repentino, tão inexplicável – me assombra como uma sombra persistente. As investigações nunca trouxeram conclusões claras, e as histórias contraditórias apenas alimentaram minha necessidade de respostas. Foi acidente? Crime? Algo mais? Nem mesmo minha imaginação consegue traçar a verdade. Minha mãe tentou ao máximo me proteger disso. Fez questão de que minha infância não fosse definida pela ausência dele, mas sim pelo amor dela. Mesmo assim, a ausência pesa, não só no silêncio das noites em que sinto falta de um pai que me guiasse, mas também nas incertezas que moldaram quem eu sou. Acho que é por isso que gosto tanto de explorar lugares esquecidos, capturando o que foi deixado para trás com a câmera que meu pai me deu de presente no meu aniversário de 9 anos. É quase uma obsessão: encontrar respostas onde as pessoas veem ruínas. Para mim, cada edifício abandonado, cada floresta coberta de névoa, é uma oportunidade de desvendar segredos. Mesmo que não sejam os meus. No entanto, apesar de toda a dor que carregamos, minha mãe e eu nunca deixamos de nos apoiar. Sua voz, doce e reconfortante, me traz de volta toda vez que a melancolia ameaça me engolir. “Você é meu mundo, Jayden”, ela me diz com olhos sinceros. Sei que essas palavras não são apenas para me consolar. São também a verdade dela. E ainda assim, as dúvidas sobre meu pai estão sempre lá, sussurrando no fundo da minha mente. É como uma presença invisível que permeia cada aspecto da minha vida, uma ferida aberta que se recusa a cicatrizar. Talvez seja por isso que sinto essa necessidade incontrolável de buscar o que está escondido, mesmo que isso me leve a lugares que eu deveria evitar a qualquer custo. Se eu soubesse o que estava por vir naquela floresta, talvez tivesse escutado os conselhos da minha mãe e ficado em casa. Mas o que eu posso dizer? Sempre fui atraído pelo desconhecido. Mesmo que, no fundo, eu só esteja tentando preencher um vazio que nunca será realmente preenchido.

3 months ago

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